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Felipe Aquino. Para entender a reforma protestante. Lorena, Cléofas, 2016.

RESENHA: Para entender a reforma protestante.

O Professor Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre pela mesma área pela UNIFEL. Foi diretor geral da FAENQUI (Atual EEL-USP) durante vinte anos. Recebeu do Papa Bento XVI o título de “Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno” (06/02/2012). É professor do Instituto de Teologia Bento XVI da Diocese de Lorena, Dom Benedito Beni.

Felipe Aquino

O livro “Para entender a reforma protestante”, recebeu o “imprimatur” de Dom Benedito Beni dos Santos, Bispo Emérito de Lorena, em 14 de dezembro de 2016. Assim sendo, trata-se de uma obra de referência para que católicos de todo mundo entendam o que foi a Reforma Protestante. Tal obra é organizada em quatorze capítulos incluindo introdução, conclusão e bibliografia.

Na introdução são apresentados os pontos principais que serão abordados no livro, nos trazendo uma panorama geral, nela Felipe Aquino nos apresenta “A rivalidade entre os muitos príncipes alemães e a igreja, fortaleceu a luta de Lutero, e a reforma protestante aconteceu” (AQUINO, 2016, p9). Quando ele resume o ponto central do que foi o movimento proposto, ele apresenta:

Foi a negação instaurada por Lutero, permitindo uma visão subjetivista da fé, em que realça o caráter pessoal da salvação em detrimento do caráter institucional. É possível seguir a Deus sem seguir uma instituição em concreto. Nega a necessidade da Igreja para a salvação (AQUINO, 2016, p11)

Para concluir a introdução Felipe Aquino coloca: “O objetivo deste livro não é de forma alguma hostilizar nossos irmãos separados e nem provocar polêmicas e discussões inócuas” (AQUINO, 2016, p12).

Em seus dois primeiros capítulos, nos é apresentado um panorama histórico. No primeiro um panorama da situação política em que se encontrava a região que hoje chamamos de Alemanha e posteriormente uma apresentação de quem foi Martinho Lutero, o pai da Reforma protestante. Ao descrever as razões pelas quais Lutero havia optado por adentrar a vida monástica disse:

Por causa de uma coisa insignificante minha mãe bateu-me até escorrer sangue, e essa dureza e severidade da vida passada com eles, foi que subsequentemente me forçou a fugir para um convento e fazer-me monge (TISCHEREDEN, FRANKFORT, 1567, fol 314 apud  AQUINO, 2016, p19)

Continuando a descrever as razões pelas quais Lutero optou pela vida religiosa, Felipe Aquino explica:

Mais uma vez na sua vida, Lutero acreditou que via e ouvia Satanás sob a forma de cão ou outro animal, que o incomodava. Lutero recebeu instrução religiosa, porém, recebeu mais uma religião de temor do que de confiança, mais formalista do que interior e profunda. (AQUINO, 2016, p19)

Nas próximas páginas deste mesmo capítulo, Felipe Aquino irá descrever a fé de Lutero, descrevendo sua epifania, sua visão, e apresentando alguns historiadores protestantes para nos apresentar o pai da reforma.

No próximo capítulo: “O caso das indulgências”, o pilar mais famoso da reforma, que em poucos parágrafos é descrito. Nele Felipe Aquino resume os interesses políticos e os valores envolvidos para que Alberto de Hohenzollen fosse autorizado a ser bispo, não de uma diocese, mas de três, retratando os interesses políticos e em especial os interesses financeiros para viabilizar tal posto. Obter dos fieis os valores para pagar por este posto, tornou-se então o objetivo principal.

O capítulo seguinte: “O desenrolar dos acontecimentos”, é aberto com:

A pregação das indulgências em Witemberg foi uma oportunidade para Lutero publicar “sua doutrina”, amadurecida há anos. Em 31 de outubro de 1517 afixou suas 95 teses na igreja do castelo de Witemberg, as quais tiveram enorme ressonância. A irritação alemã com a Cúria Romana favorecia muito a iniciativa de Lutero (AQUINO, 2016, p40)

Este capítulo apresenta-se dividido em vários subtópicos, nos quais Felipe Aquino apresenta os defensores e adversários de Lutero. A polêmica gerada. O apoio dos príncipes alemães. As obras básicas de Lutero. O cativeiro Babilônico. O brado à Nação Alemã. A liberdade Cristã. A revolta dos camponeses. De forma breve, os pontos principais percorridos pela biografia de Lutero são apresentadas.

Um capítulo é dedicado ao Calvinismo. Sem adentrar a detalhes mas apresentando os pontos principais, Aquino nos situa de quem historicamente foi Calvino, sua principal obra, seu ponto de dissonância com a fé Romana, centrada na questão dos dogmas, Ressalta-se que mesmo tendo sido breve Aquino nos levanta a questão da intolerância:

Ao organizar sua igreja, Calvino instituiu duas comissões: a Venerável Companhia, composta por pastores e doutores, encarregados do Magistério, e o Consistório, composta por pregadores e doze senadores leigos que teriam o encargo de zelar pela disciplina. Esta comissão visitava casas, servia-se de denúncias e espionagem paga; os réus gravemente culpados, caso persistissem no erro, eram entregues a um tribunal. Este proferiu de 1.541 a 1.546, 58 sentenças de morte, a tortura era aplicada com frequência (AQUINO, 2016, p69, grifo no original)

A relação entre Calvino e Lutero é explorada e detalhada, de tal forma que os pontos de encontro e afastamento de ambos se tornam evidentes, bem como a contribuição mútua para formação de uma doutrina em oposição a Católica Romana.

Para os pontos principais da Doutrina Protestante é dedicado um capítulo. Iniciando com uma crítica a Lutero não ter dado a devida atenção as escrituras, apresentando excertos dos escritos luteranos para demonstrar seus pontos principais.

Aquino dedica-se a falar também dos impactos da reforma no Brasil e o massacre dos quarenta jesuítas, dos mártires do Rio Grande do Norte, da morte do Padre André de Soveral, donde protestantes unidos a índios insurgentes provocavam mais um massacre sangrento.

A questão de Nossa Senhora não poderia deixar de ser abordada, uma vez que “o Protestantismo atual ainda mostra certa intolerância com a figura da Virgem Maria” (AQUINO, 20166, p93). Contudo o livro afirma que tanto Calvino como Lutero possuíam “estimas e reverência profunda a Nossa Senhora” (AQUINO, 2016, p93). A reverência do reformador a Maria é evidenciada por uma ordem religiosa luterana devotada a Maria, a Irmandade Evangélica de Maria, de origem Luterana, fundada na Alemanha.

A questão da reforma, levou a uma resposta da Igreja Católica. Para abordar tal questão é dedicado uma capítulo, Nele é evidenciado a importância da Tradição Apostólica, o que é o Sagrado Magistério e a Infabilidade da Igreja. As razões de porque Cristo quis o Papa. A questão da Bíblia e sua elaboração. Quem deve fazer a interpretação da Bíblia. A questão das imagens sagradas. Dos Santos. Do purgatório. A importância da Missa. Porque venerar a Virgem Maria. A questão de se o Papa seria a Besta do Apocalipse. Porque guardar o Domingo e não o Sábado. A questão de se Jesus teve mais irmãos. A justificativa de porque a Igreja batiza as crianças. Porque o Sinal da Cruz é importante. E, fechando o capítulo, a questão do celibato dos padres.

Encerra Aquino seu livro com as razões de porque somos Católicos. Para isso ele apresenta uma lista de vinte e três razões e sobre elas diz: “Infelizmente por desconhecer tudo isso, muitos católicos, que não conhecem a Igreja católica, abandonam-na, buscando outras comunidades eclesiais, que não estavam nos planos e vontade de Jesus Cristo” (AQUINO, 2016, p171)

Nirvana França, estudante de teologia metodista, bacharel em direito, mestra em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, onde atualmente curso o doutorado em Ciências da Religião.

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